há um tumor indeciso em meu cérebro
que quer me matar
de rir
mas sou ordinário demais com ele,
eu digo, seu babaca, fique parado aí
há um tumor indeciso em meu cérebro que
quer me matar
de rir
mas eu despejo merda sobre ele e inalo
minha própria urina
e meus rins e meus pulmões
e o velho fígado
nunca irão entender
o motivo de
tanta graça
há um tumor indeciso em meu cérebro que
quer me matar
de rir
mas sou ordinário demais com ele,
eu digo,
seu cancerigenozinho de merda
fique quieto aí,
quer me fazer mijar nas calças?
(…) há um tumor indeciso em meu cérebro que
quer me matar
de rir
mas sou bastante tolerante, deixo que ele
assuma algumas funções
quando vou dormir
eu digo: agora é contigo,
então te esforce vagabundo.
depois, quando acordo
ele dorme novamente
não eternamente
por hora
e por vezes dormimos juntos
dividindo as funções
como se tivéssemos até
combinado previamente
para dormirmos tão
bem
mas eu não durmo,
e ele?
* no ritmo do pássaro azul