eu leio sobre essa garota
que sai do banho envolta num roupão
folgado e preto
e se senta fumando em frente ao espelho,
e vagarosamente começa
a pentear seu cabelo
em movimentos longos, abrangentes
e ritmados, a escova vai descendo
e fazendo um mínimo chiado,
enquanto a fumaça
sobe calada.
e não preciso de mais nada
para vê-la feita em minha frente.
eu posso até sentir o cheiro
de seu cabelo, o calor daquele cigarro
e é surreal quando acontece;
depois de tanto tempo distantes,
porque lembrar faz parte
mas reviver, reviver é tão raro
quanto viver, ou nesse caso;
se queimar com aquele cigarro,
ainda hoje, ainda
aceso.