H1 – Então no que estava pensando antes de me ultrapassar com “tava”?
H2 – Estava pensando que…
H1 interrompendo – Estava?
H2 – Tava pensando o seguinte: imagina que um pai muito fã de fórmula 1 desse o nome para seu filho de Airton Senna. E essa criança também se tornasse muito fã de automobilismo, chegando a competir em nível internacional, até chegar na fórmula 1 e se tornar tão bom quanto o primeiro Airton Senna. Então o Brasil teria 2 ídolos no mesmo esporte com o mesmo nome.
H1 – Mas o segundo Airton Senna também seria tri-campeão mundial?
H2 – Não, seria bi-campeão por enquanto, mas ainda estaria correndo.
H1 – Morreria na pista também?
H2 – Não cheguei a pensar nisso.
H1 – Imaginou o nascimento, nome, toda uma infância voltada aos desejos do pai, as conquistas, mas não a morte na pista, que é o firmamento do ídolo martirizado?
H2 – Você acha que o segundo Airton Senna precisa morrer na pista para ser tão grande como o primeiro Airton Senna?
H1 – Em questão de comparação, sim.
H2 – A palavra comparação aparece na bíblia?
H1 – Não comparei.
H2 – O nome desse garçom pode ser Airton Senna, o seu também.
H1 – Se esse garçom se chama Airton Senna, então ele não honrou os propósitos do seu pai, porque o primeiro Airton Senna nunca chegou atrasado em lugar nenhum. Garçom! – Olhando para o balcão.
G por trás da cortina – Já vou!
H2 – Ele pode se chamar Roberto Carlos, cantar bem, e trabalhar aqui no bar.
H1 – Roberto Carlos não canta bem e nunca trabalhou em bar.
H2 – Conheço um Roberto Carlos que não canta bem e trabalhou em bar.
H1 – Não conheço nenhum Roberto Carlos pessoalmente.
H2 – Meu nome é Roberto Marlos.