Nos últimos respiros de 2018, Eduard Traste estréia na zonadapalavra com os poemas “atemporal” e “uma verdade”.
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Ressurreição 3.0
Ele pensava consigo mesmo:
vou criar o canal,
fazer o videozinho milagroso,
upar e pah,
viral mais rápido que Usain Bolt,
trending topics já na quinta-feira,
sexta deleto o canal,
sumo com tudo enquanto
me procuram,
sábado só sangue falso
enquanto todos lamentam
seguindo os mandamentos,
e domingo conforme planejado
retorno ao vivo
no canal ressuscitado
enfim, dízimos
please?
Jornal Plástico Bolha
Nova participação de Ramon Carlos no Jornal Plástico Bolha. Desta vez com o poema “Granada“.
Revista LiteraLivre – Melhores do Ano

Hoje os estrábicos foram premiados com uma participação pra lá de especial. Na Revista LiteraLivre – Especial Melhores do Ano – edição composta por textos eleitos entre seus leitores como sendo os melhores do ano, Ramon Carlos participa com o poema “Cerca Elétrica“, e Eduard Traste com o poema “a PRIMEIRA vez“.
do som que o sino emite
chegou arrotando
VOU LIMPAR TUDO!
VOU TE CURAR. VOU COMEÇAR PELA CASA
E DEPOIS VOU LAVAR TEU RABO
E POR FIM VOU DAR UM JEITO
NESSA TUA CARA
AMASSADA!
e mudou os móveis de lugar
e limpou tudo. deu fim até aos ovos
das aranhas pendurados pelas paredes
do quarto
depois de duas semanas
enquanto eu ainda me esquivava
da limpeza no rabo, ela acabou desistindo
e sumindo. deixando para trás
um rastro límpido
de amaciante e PINHO
SOL
e hoje sinto falta das aranhas
que ela matou. pensando dia e noite
sendo honesto, desde ontem:
que grande besteira estes pensamentos
comparado ao fato dela ter partido
e no fim, ter me deixado perdido
ou melhor: onde é que vou conseguir
umas novas aranhas
agora?
Poema sem ti…tolo
Respeitoso gesto da loucura
Máquina que engrena
Na listra parda dos dedos
A pedra do sapato
Agora uso de cotonete
Alegria é ter um cartão do Sesc
Felicidade é um pé invejável na torneira
Cuidado
Abrace as peças do xadrez
Queime a Casa Branca com um espirro
E diga a todos que sabe onde está o pênis de Napoleão
Tormento, magnífico zero da matemática
Propulsão, engrenagens, mercadoria apreendida
HIV na menstruação do polvo
Perdoem-me pela mediocridade
Meu sangue escorre pelas trincheiras do acaso
Cinza esbelto
O sábio inacabado
Acaba de derreter suas peças
Silicone, cachaça, um risco da morsa
E debaixo do pé de limão ouve-se:
“Te amo”
Mas o beijo não faz barulho
Revista InComunidade
Eduard Traste estreando na Revista InComunidade com uma penca de poemas. Na mesma edição, Ramon Carlos tem nova participação.
estrAbismo
Sofri muito bullying quando era minúsculo – disse o “A” de estrAbismo
o mesmo cara
descobri que podia ser poeta
quando conheci um baixista
que tocava com duas cordas, apenas
e certa vez me confessou:
“uma corda é puro charme, eu poderia tocar
só com uma delas”
conheci outro cara que me ensinou algo
também. foi no meu antigo emprego – carregador
de merda em tempo integral.
ele veio com essa história pra cima de todos
de que seu hálito era de café, naturalmente
e de fato muitas vezes reparei
o detalhe é que ninguém nunca o via tomando café
ele não ousava se aproximar da máquina
do café. e do nada lá estava ele arrotando café
novamente. e assim a fama dele
se espalhou
então certa vez ele me disse:
– olha só, preciso confessar
e vai ser pra ti mesmo
só porque você foi o único
que até hoje
não se mostrou interessado
– hmm
– o lance são as minhas pintas..
– hmm
– veja bem. observe minhas pintas..
então eu observei e não tinha nada demais
em suas pintas, e ele concordou
e então me mostrou
o outro braço, e sim
o cavalo estava com a merda ali
toda exposta e ninguém nem se quer percebeu
e ele continua, e se bobear
até hoje não perceberam
suas pintas
de café
– hmm
estrAbismo
Estou em uma crase existencial – disse o “A” da terceira fileira



