Tendão d’aqueles

Flechas presas na lapela
Antisséptico xilarmônico a produzir frieira nos calos do pé
Bicarbonato de sódio, um cão selvagem ladrou nos trilhos do trem
Mosca branca! Mosca branca!
Brada o vendedor de bananas, ao contar seu dia
Eu não ouço, eu leio lábios no espelho
No capim do Éden encontraram um torno mecânico
Risco infinito nos olhos de vidro do peixe
Costurar ácidos, traduzir um repolho
Afta de enxaqueca
Clima ameno
Libras rasgadas nos bolsos
Sísifo imprevisível no jokempô
Ferradura de unicórnio, cerveja sem álcool, explicar a piada
Calcanhar sólido na foto
Trair Barrabás com um beijo de língua
Acordar, somente
Sonambular

Nec spe nec metu

Hálito imaculado num bocejo de ferrolho
Já é tarde pra mastigar o pigarro
Veneno som que imita e tranca
A trinca que acasala sozinha
Sobre o isopor das maçãs verdes
Puniram-no
Pelo velho hábito de fazer serenatas
Após goles de água gelada
Gracejo
Já é tarde para reinventar as pernas flácidas
Da mulher colhendo amoras
Amoras que fazem tilintar
O miserável sapo de dente quebrado
Pobre Ugo, o sapo que ejacula farinha
E emoldurou uma lápide grande demais para seu nome
A galega com perfume de trigo
Cambaleou ao entrar no banheiro
Sussurrando o famoso lema:
“Sem esperança, sem medo”
Ugo antes de saltar pro brejo esbravejou:
“Sem herança, só medo”
Com a coberta em relva cinzenta
O poema não é mais poema
O poema já é tarde
Amanhã a trinca me acordará
Como alguém gritando:
“Sem esperança, só medo”
Meu hálito será de brejo
Meu ferrolho um bocejo
E meu gracejo uma mancha de amora
Lapidada nas pernas flácidas da mulher
Que nem sabe meu nome