lá fora, há poucos instantes
sentindo os frios pingos de chuva na face
novamente me lembrei dos peixes mortos
nadando na contramão
do riacho
gelado
e me peguei pensando
no quanto costumo lutar por meus sonhos
enquanto durmo
e no quão facilmente
esvaíam-se
quando acordo
tudo parece resumir-se
aos pingos abafados da goteira
que nos estruturados sonhos nascem distantes
e vão aproximando conforme tudo vai
inevitavelmente escorrendo
feito água no esgoto
assim, feito água corrente eu me sinto
sem saber direito para onde vou
apenas seguindo, abrindo caminho
deixando meu rastro, ora límpido
ora turvo.. qualquer hora
inundo.