pergunta valendo uma vida

e se não houver um depois?
se não estiverem te esperando?
seja nos portões do paraíso
nas chamas do inferno
no tédio do limbo
e se não houver um depois?
se no fim for apenas
o fim? do pó ao pó
um sonho feito orgânico
e se não houver um depois?
seria bom pensar
sobre isso e
por agora
porque se não houver
um depois
como você se sentiria?
e se além do inexistente
além houvesse
apenas
um tudo
outra vez?

suicida-me

óh corpo febril
que me prende
em fronteiras engarrafadas
com doses de dilúvio
escorrendo pelas margens
do teu pelo
suicida-me
óh corpo senil
de irrupções locomotivas
marcando a ferro
o sangue que coagula
terrenos do teu tato
suicida-me
óh corpo argiloso
deita-me em teu colo
abrace minha alma fustigada
e conte-me novamente aquela piada
sem fim

ou então
definitivamente
viva-me!
óh corpo, óh corpo
mesmo que,
com todo seu zelo
seja por apenas
um fechar de olhos