queimo o poema logo após escrever
o cheiro é ruim
a fumaça densa massiva tóxica
o sentimento unicamente
miserável – e no fim
apenas consequência
como tropeçar em si mesmo
ébrio de constatações
batendo com a cabeça na escada
da realidade
acordando jamais
isso porque não vale o esforço
mais fácil, mais desejável
queimar tudo de uma só vez
poeta e poesia
O pequeno pônei (VIII)
Sonhando
Em ser cavalo
Fugiu
Do carrossel
pergunta valendo uma vida
e se não houver um depois?
se não estiverem te esperando?
seja nos portões do paraíso
nas chamas do inferno
no tédio do limbo
e se não houver um depois?
se no fim for apenas
o fim? do pó ao pó
um sonho feito orgânico
e se não houver um depois?
seria bom pensar
sobre isso e
por agora
porque se não houver
um depois
como você se sentiria?
e se além do inexistente
além houvesse
apenas
um tudo
outra vez?
troca justa
confesso
tenho certo apego
com alguns livros
por isso quando
os empresto
imagino que vou
revê-los novamente
algum dia
mas nem sempre
é assim.. vou dizer
como normalmente
é: os livros vão
e as pessoas somem
e isso, bom
isso me deixa MUITO
MAS MUITO
satisfeito.
Revista Amaité Poesias & Cia.
testando nova risada
um dia dirão
que satânico
sou
não podendo negar
muitos menos
perdoar
Mwahahahahahaha!
O pequeno pônei (VII)
Sonhando
Em ser cavalo
Acordou
Garanhão
O pequeno pônei (VI)
Sonhando
Em ser cavalo
Adotou
Ferraduras
Declamação: entre o tudo e o nada
entre o tudo e o nada – por Eduard Traste
Declamado por Heidi Capuzzo
suicida-me
óh corpo febril
que me prende
em fronteiras engarrafadas
com doses de dilúvio
escorrendo pelas margens
do teu pelo
suicida-me
óh corpo senil
de irrupções locomotivas
marcando a ferro
o sangue que coagula
terrenos do teu tato
suicida-me
óh corpo argiloso
deita-me em teu colo
abrace minha alma fustigada
e conte-me novamente aquela piada
sem fim
ou então
definitivamente
viva-me!
óh corpo, óh corpo
mesmo que,
com todo seu zelo
seja por apenas
um fechar de olhos