encontrei um marcador de páginas
na rua, foi o que marcou o meu dia – resmungou
enquanto caía bêbado sem um mísero
poema nos bolsos..
Declamação: Curitibanos
Poema para o velho piparote que habita a imaginação, e um dia, quem sabe, tornará real a evidência, que a dor é o sintoma da cura, e os sonhos mais profanos nos aproximam de Deus
Você percebe
Que não se importa mais
Com os outros
Quando acordar,
Por tanto tempo sozinho
Não te afeta tanto
Quanto observar a pia da cozinha entupindo
Lentamente
ao Santo Álcool
Etílico Ser
que Feito
uma Anja Pecadora
vem direto do Inferno
para minha cama
de pernas abertas
molhadas e quentes
feito whiskey barato
em seios fartos
eu Me Salvo
com Os Tragos
Agradecendo
Vosso Rabo
Amém!
Declamação: Turvo
azul transol amarelo
subo no ônibus azul
de transol amarelo
e com a mão no bolso
furado
do calção
fazendo discretos
movimentos
acaricio o prepúcio
e a glande
do meu enrijecido
PÊNIS, PAU, CACETE
enquanto observo aquela
possível avó
de uns 56 anos
talvez
54
segurando seu neto
de uns prováveis
3 anos
uma delícia de coroa
a cena me excita
mas tão logo ela se senta
com aquele rabo
bem
desenhado eu
passo
passo adiante
passo para próxima
ereção
constante
decepção – é o que
normalmente
resta
uma vida nas mãos
de uma grande
porca
a criança
que mal sabe
algo do mundo – ao menos
não aparenta – conste
observa a “mãe”
com certo
terror
nos
olhos
mas o vômito
só jorra
quando outra porca
se aproxima
e começa a fazer
graça e
apertar as bochechas
do
infeliz
a cena é magnífica
uma careta infantil
o miserável aperto
nas bochechas
enfim
rebatidos
à altura
os rostos me alegram
me sinto regozijado
o escárnio
na face do bebê
chega a me excitar
mas o cheiro é forte
parece que comeu
placenta no café
e merda
no almoço
por isso
desço logo
no próximo
ponto
na calçada
ainda excitado
me pego pensando
nas quantas vezes em que vomitei
e percebo que foram tantas
e a grande maioria, sim
quando criança
hoje vômito – concluo
só o necessário..
O resto que posso ser, é um ser que não resta
Latrina que fura o sinal verde
Alcançando o céu voando pra baixo
Sorrateiro pêndulo canhoto
Que calcula a distância do morcego
Pra sombra da bananeira
Arritmia nos olhos de pedra dura
Tanto bate até que água mole
Seria disso que os pássaros engaiolados tanto cantam?
Perguntaram para a esposa de Einstein:
“Como é acordar ao lado de um gênio?”
E ela respondeu:
“Mas como é que vou saber???”
99,9% das mulheres
Nem se dão conta que,
Dormindo,
Podem matar um homem
Do outro lado do mundo
Tyrannus Melancholicus
Ramon Carlos dando as caras no projeto Tyrannus Melancholicus com o poema “hiato”.
deu canja
pego nas cebolas
e a galinha mais sensível
do galinheiro me encara fervorosa
enquanto observo as demais
cacarejando em polvorosa
a água no cio fervendo
e o canto das ardilosas
vermelhas
de sangue anima
a canja de galinha
que logo mais
sai.

Oloco pediu pra informar que o desenho foi feito na quarta feira antes da cesta que aceitou a maçã que caiu na cabeça do Miltons (o flamejante) na quinta feira que só rolou tomate podre.