certo

sinto o cheiro do mar coagulado
emoldurado, latente
latejando esporadicamente em ondas
porém, barrado volta
sem ondas
sinto o cheiro do mar coagulado
que se doce fosse, não caberia em mim
escorreria em letargia
sinto o cheiro das vísceras entupidas
grosso veneno que sobra
quando o escárnio é mórbido
o moribundo se fortalece e morre
mais de uma vez
megera situação
um canibal comendo o leproso
sinto o cheiro do fogo que habita
brando, breve e misto
mas vibra, pinta
incendeia o tributo ao nada
extirpa anomalias da guerra cíclica
sinto o cheiro do fogo que habita!
sinta também, sinta agora!
imagine essas palavras como brasa
queime, goze, e foda-se
ein? ein? ein? ein?!
é…
improvável coincidência
mas ele voltará
brando, breve e misto
não perca a carona
sinto o cheiro daquele desenho dourado
sem peso, sem moda, sem forma
fede dentro do plástico
corruptamente altruísta sem lei
é o peso de uma balança no escuro
vaidade pra colorir
crime pra servir
outrem ou trem?
sinto que cheguei perto
do que?

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