Metástase

A carta na manga
Com o assovio desfalcado
Dilacerando os espaços dos dentes
Assim se curva o desprovido confete mercúrio
Ao se deparar com Críton sonâmbulo
Ajustando a ferradura da fuga
No cachorro Bartolomeu
A carta na manga
Como uma imensa lamúria aos pés de Péricles
O choro que o mar despertou e jorrou
Por entre as antigas cantigas de ninar
Que assustaram primos, ao ponto de vê-los estáticos
Nos seios fartos da tia Melinda
A carta, a manga
A fivela e o coração de vaca
Aspirante ao título de jovem audaz no cemitério voador
Aspirado pelo prepúcio de Zeus
Tornando-se gêmeo siamês do Holocaustrofóbico
Caem paródias, caem sonetos, caem morcegos
Miro a recém formada imagem do cabeça de porco
Vou até Bocaccio, sucumbo à peste
Me vejo dentro da marmita do vagalume
É feijão, arroz, carne e alface
O sabor é delirante se não mastigado
Está calor, úmido, e a rua parece investigar seu passado
Empresto uma nota de dez
Durmo duas horas
Descongelo a geladeira
Estendo as roupas
Prescrevo meu dia
Como sempre,
Pela última vez

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