O trem fantasma

A inércia dos alicerces
Cubos de gelo no bico do figo
Não há mais garotas de saia nas arquibancadas
Onde ele e seus amigos escondiam-se
Para venerar o vermelho
Brisa dos vulcões, sulco das montanhas
Sondar o amarelo
Canto das virgens, sinos de cera
Lapidar o azul
Aurora de Baco
Suprir o verde
Balas de menta
E frases velhas, como essa:
“Tentei ver a calcinha dela mas me dei mal, ela tava sem”
Esperando o ônibus sozinho
Na rodoviária que fica ao lado das recordações
Ele jurou ter visto Ana Cláudia
Quase gritou, ou correu ao encontro
Mas antes conferiu o horário e o número da poltrona
Na passagem
O frio não lhe pertencia mais

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