Paralisia

Estandarte a rodar pelas dimensões
O riso tragado em nossos olhares
Que se cruzavam como filamentos em papel picado
A transcendência transmitida pelo éter
Que escorria junto ao suor do corpo ao lado
Nas sombras dos cigarros, éramos uma fumaça só
E a bela noite, purgatório anônimo
Onde juntamos nossos lábios e genitais
Feito Heloísa e Abelardo em uma queda de avião
Dançamos e desafiamos a morte que já conhecíamos
Os tolos não entenderam a falácia que cantamos
Não perceberam que nossa glória palpitava na jugular
Enquanto cingíamos nossa simbiose transgressora
Com vozes roucas, ouvindo a harpa de Nero
Apenas por gentileza bucólica  
Compartilhamos o cheiro da grama
Rolamos em busca do triunfo
Acesos como o Farol de Alexandria
Até que o som retumbou na concha
Então,
Iluminamos a Lua com velas roubadas
Seus cabelos enroscaram em meus dentes
Chamei-lhe de Medusa
A chuva veio, você subiu em minhas costas
Cavalgamos pelas calçadas esburacadas
Seus gritos ainda roucos:
Hoje não! Hoje não!
Nada de piolho em buraco de agulha!
Nada de chinelos em cruz!
Assim, finalmente
Descobri
A eternidade

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