Peça uma peça ( I )

Primeiro ato – Fotografia de um cotidiano vagabundo

Cenário: Mesa de concreto com 4 bancos no centro do palco com tabuleiro de xadrez (uma espécie de praça)

Passam alguns transeuntes atrás da mesa conversando baixo (fundo do palco) e um cadeirante pela frente anunciando em bom som a trimania (loteria)…um cachorro, alguns pombos (ver possibilidade). Palco vazio.

Um morador de rua senta, escorra um cotovelo na mesa, observa um pouco a movimentação, o cadeirante fora de cena dá um grito (anunciando a trimania), que faz o morador de rua dobrar o pescoço pra ver o que acontece fora do palco…resmunga baixo, olha pro tabuleiro sem peças e faz um lance imaginário, coloca a mão no queixo como um jogador profissional, sem tirar o olho do tabuleiro…levanta e senta como se fosse o adversário, pensativo no lance, mãos na cabeça, olha para o adversário com olhar desafiador, coça a barba inexistente e faz outro lance imaginário, cruza os braços. Morador diz:

– Te conheço de algum lugar

Levanta e senta no outro banco de concreto, com outra pose, pensando na frase

– Engraçado, você parece meu pai ( com uma voz totalmente diferente)

Vai pro outro lugar

– Você parece meu filho

Faz a outra voz e outra pose mas permanece no mesmo banco

– Qual o nome do seu filho?

Muda voz e pose

– João. Qual o nome do seu pai?

Vai pro outro banco.

– João

Faz outro lance imaginário e sai andando pra fora do palco.

Cadeirante passa calado pelo fundo do palco

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