Poema para o fim do imundo

Sem ter o que comer
Amola uma faca
Sem ter o que beber
Lambe um copo
Sem conseguir gritar
Cospe no chão
Sem ter compaixão
Compra uma gaiola
Sem ter esperança
Pendura um calendário
Sem ter dívidas
Quebra um cofre
Sem ter ambição
Joga no bicho
Desprovido de estilo
Leva o cachorro passear
Desprovido de amor
Canta no chuveiro
Sem ter doença
Esteriliza a caixa d’água
Sem ter luz
Sequestra um vaga-lume
Sem ter fé
Escreve poemas

É Diógenes,
Enquanto você perambulou com uma lamparina
Depenou um galináceo
E pediu esmola para uma estátua
O homem refinou suas escolhas

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