Às vezes, o estranho
Traz medo, ou planos
Coisas estranhas me deixam bem
Tão perto, distinto
Às vezes escrevo para os mortos
E os vivos leem
“Ninguém precisa disso”
Acordaram, ambos de ressaca
Era dia de feira
O despertador enjaulava
Em som, os órgãos secos
Esquecemos da feira!
Pelo amor de Deus desliga isso
Rosnar esgotado
Os tigres no asfalto
E uma armadilha atrás do poste
Vai tomar um banho, hoje tem feira
Seguindo ordens sem conseguir raciocinar
Praticamente um cão no trampolim
A água em um piso de histórias
A sombra em um traje de algodão
Feira num sábado de manhã é para adventistas
Pelos sequestrados pelo sabonete
Limpa, finge ser romântico praticante
Seca bem os pés
A água da privada sugerindo um mergulho
Como diria Israel:
“Não adianta, a merda sempre procura o cu”
Na feira, na feira
Multidão, esgoto, caldo de cana
Graus, preços, cores
Paciência em filtro de papel
Tigres no asfalto
Carregando sacolas verdes
Na faixa para atravessar
O ônibus corta a avenida
Com rostos cheios de vagas
Refeições bem temperadas
Apagarão os erros de amanhã