Retalhos, atalhos, cascalhos

Hoje vim celebrar
O covarde fantasma coalhado
Que em traje engomado
Atraiu o ex-pirito
Traiu o espírito
E em riste triste, obelisco
Rosto desfigurado sem placa
O belisco
Nos sonhos de dândis
Hoje vim sortear
A pele vermelha da boca
Rasgo sem direção
Na avenida que era poesia
Mas tornou-se prosa
Poetas coraram
Ao ver o laço negro
Que a envolvia
Devolvia
Um pouquinho do que era vida
Na não vida
Perdeu-se
O louco pediu dose dupla
Unidade
Poesia silenciosa
Prosa barulhenta
“as estrelas gemem como numa contorção fatal
o calor de mil agulhas quentes transpassa corpos esguios
os homens sozinhos afiam suas facas em meio às florestas de coágulos de
luz”

“O dia de hoje é um dia atrasado de amanhã
O tempo me persegue três voltas à frente
Horas mentem
Minutos complicam
Segundos bastam
Meses atrás estarei lá
Ano que vem perdi sabe-se lá quando
Séculos vendidos como macarrão instantâneo
Julho não viu o verão
Júlio bronzeou-se no inverno
Judite quer um calendário A.C
Judas prefere feriados D.C
Francisco deseja um Chevette
E o ponteiro do porteiro quebrou
Onde estarão eu’s a partir de nunca?”

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