curta duas aranhas na ducha

tô lá tomando banho e a anêmica aranha pendurada na parede toda trouxa torta tonta toda atravessada de toda maneira possível pela teia invisível me encara assim nos olhos perguntando o que lhe deve tal olhar tão curioso e eu nada consigo responder além de uns sopros e uns pingos d’água que a balança e tremelica suas ideias já raquíticas enquanto a vejo assim descendo descendo caindo aos poucos ainda toda cheia de si toda orgulhosa toda dengosa pra morte que chega ou não eu não sei ela simplesmente desce até o chão e se vai com o mijo que solto sobre ela em total estado de gozo e vitória porque naquele momento eu sou eu e ela não é mais nada até que me viro do nada sua mãe as minhas costas do tamanho de um chinelo quarenta e quatro me engole em um grito seco embaixo do chuveiro

molhado

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