ele me disse que era Deus
e que fazia poesia
com qualquer
heresia..
“a última fiz na panela de pressão
por isso tamanha maciez
na mordida”
– hum..
“mas a melhor
foi aquela que fiz no liquidificador
ficou perfeita. tudo tão maravilhosamente
combinado, que não se podia identificar os ingredientes
não se podia
compreender o gosto
apenas degustar o sabor final
era o que restava
no fim”
– hum..
“e teve aquela poesia ébria
que fiz no estilo cowboy: pura e sem
gelo. me abracei no Jack e fui
ladeira abaixo à noite toda
sem freios ou
anseios. pra no fim
quase ninguém
entender..
hoje eu sei
sei que não é poesia para todos
hoje eu entendo, e se bobear
até ofereço
gelo”
– hum..
“e os teus?”
– os meus?
“poemas?”
– não sei se já escrevi
algum, faço tudo à ferro e fogo
rudimentar demais para agradar
e no fim sai tudo
muito
quente?
“hum…”
– exatamente!
Muiiito bom Traste!!