O HAMSTER
Andava pelas ruas sem rumo certo,
conduzindo o carro de um amigo cego,
quando choquei com um hamster pequeno,
que acabava de sair de uma lap-dance.
Eu nem vi o bichinho travessando,
pois olhava para o sinal amarelo,
e acelerava, para não parar.
Em vez disso começou uma longa noite.
Eu teria preferido um porquinho
rosado e roliço, pra fazer presunto,
em vez daquele pequeno ratinho
reduzido a uma pele estiraçada.
Agora estou no meio de uma rua
para firmar papéis, conciliações,
dizendo que o hamster me cruzou caminho
quando o verde era ainda em meu favor.
poema de Alberto Arecchi